A rotina dos alfabetizados mudam com o saber ler e escrever

Ler o destino de um ônibus, assinar documentos, escrever cartas e ter acesso a financiamentos em bancos oficiais. Estas situações podem ser triviais para alguns. Mas, para os 171 mil alfabetizados na primeira etapa do programa Todos Pela Alfabetização (Topa) do Governo da Bahia são novidades, que significam mudanças radicais no cotidiano.

A índia Sônia Cardoso Pataxó, 36 anos, da aldeia Pataxó Hã-hã-hãe de Pau Brasil, município do Extremo-Sul da Bahia, descobriu, rápido, a diferença entre ser e não ser alfabetizado. Depois de ser alfabetizada pelo Topa, ela contou que já tem acesso a linhas de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Indignado com o número de analfabetos no estado, 2 milhões, que fizeram da Bahia, terra de várias personalidades do mundo cultural, a campeã nacional em analfabetismo, em números absolutos, o governador Jaques Wagner também se mostrou otimista com os resultados obtidos em 18 meses de administração: de 26º, o estado passou para 22º lugar no ranking da educação no país e de 6º, pra 1º no Nordeste. “A minha meta, ao final do governo, é deixar a Bahia entre os cinco melhores do Brasil”, declarou, animado com os resultados do Topa e da Educação Básica.

O governador fez questão de resaltar que a Bahia, na sua gestão, triplicou o dinheiro para o transporte escolar e o número de matriculados na educação profissionalizante e lembrou que pela primeira vez todas as universidades estaduais fecharam o ano sem dívidas.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse que o Topa surpreendeu positivamente ao certificar mais de 170 mil pessoas em apenas um ano. Haddad elogiou o esforço conjunto dos governos estadual e municipais com o apoio da sociedade. “É visível que alguma coisa mudou na Bahia, para melhor”, falou o ministro, que declarou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o programa baiano é o melhor do país.

Segundo Haddad, a educação básica do Nordeste melhorou mais do que a média nacional. O próximo desafio a ser enfrentado, de acordo com o ministro, é a interiorização da educação profissional e universitária em parceria com estados e municípios para formar a mão de obra qualificada.

“Muito importante”

Tal e qual a música do ministro da Cultura, Gilberto Gil, citada pelo presidente Lula, que embalou a cerimônia de entrega dos certificados do Topa, os alfabetizados representavam a diversidade da população baiana: quilombolas, índios, pequenos agricultores, joves e idosos de todas as regiões da Bahia. Ansiosos, tiveram que enfrentar duas filas para passar por detectores de metais, antes de terem acesso ao Teatro Iemanjá do Centro de Convenções da Bahia.

Entre eles, Amélia Lima da Silva, 59 anos, do município de Catu, no Recôncavo. Dona de casa, Amélia viveu a expectativa de ver de perto o presidente Lula e o governador Jaques Wagner, além de receber o seu certificado de alfabetizada. “O curso foi muito importante para todos nós, gostei”, disse ela, nervosa e, ainda, econômica nas palavras.

Gaf