Confissões de uma árvore

Meu Deus, como é que até hoje ainda possa existir pessoas assim? Parece até que estão todos bêbados, sem juízo!

Acredito que já esqueceram que eu também tenho vida…

Via o sofrimento das minhas falecidas amigas árvores, e a cada dia imagino o meu fim.
Devem achar que eu sou um brinquedo: me plantam, cuidam de mim e, quando cresço, pronto: me transformam em um papel, um simples papel.

Eu gosto mesmo é daquelas pessoas carinhosas, que chegam, me dão um forte abraço e deitam perto da minha raiz, apreciando a minha sombra e o ventinho que dou.

Ah, eu odeio aquelas pessoas que tiram as minhas saborosas frutas e destroem jogando fora. Se ao menos as saboreassem! Mas, pra falar a verdade, as pessoas que eu menos gosto são as que destruíram as minhas amigas.

Como eu gostaria que o mundo fosse diferente! Como eu queria que todas as pessoas fossem minhas amigas, que não me derrubassem, que todas sentissem que eu existo; e não me tirassem do mundo.

O momento que eu me sinto mais feliz é quando estou carregada de frutas saborosas, pois todos me apreciam e saboreiam um pedaço de mim.

Bárbara Jacqueline
(texto escrito quando tinha 12 anos).