Diretor do Jardim Botânico de Brasília defende medidas para evitar desaparecimento do Cerrado

O fogo que atingiu o Jardim Botânico de Brasília na última semana trouxe motivos mais fortes para celebrar o Dia Nacional do Cerrado, comemorado hoje (11). Segundo o diretor do Jardim Botânico, Jeanito Gentilini, é preciso o aprofundamento e o reconhecimento do bioma para que medidas sejam tomadas a fim de evitar o seu desaparecimento.

“As coisas acontecem, causam um impacto e aí a gente tem que dar um passo à frente. Tem que haver aprofundamento dessas questões, porque pega fogo todo ano, que trabalhos são necessários a médio e longo prazo para que a gente tenha uma base real de trabalhar o bioma de forma mais correta, com entendimento da sua importância. Essa reflexão é que fica”, comentou.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o Cerrado, considerado segundo maior bioma brasileiro, perdeu 49% da cobertura original. A área inicial de mais de 2 milhões de quilômetros quadrados (km²) foi reduzida a 1 milhão de km².

Segundo Genitlini, ainda não é possível mensurar o total da área do parque que foi atingida. “Será feito um sobrevoo porque as áreas que não foram queimadas ainda sofrem risco”, disse. O diretor também destacou que é preciso conscientizar a população. “É necessário tratar o entorno da estação ecológica, que está dentro da área urbana, de forma mais cuidadosa. Ter mais cuidado com a questão de colocar fogo sem má intenção, mas que toma grandes proporções e viram uma catástrofe como a que aconteceu”, completou.

Para aumentar a conscientização, a área incendiada será incluída nas visitações. “Vamos incluir na visitação a parte que pegou fogo para as pessoas terem noção do que é e como fica. É um trabalho de formiguinha, mas se criarmos um grupo com a sociedade civil, os parlamentos e o governo a gente consegue”, acrescentou.

O evento também contou com a participação do diretor do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Medeiros, que defende a inclusão do Cerrado como patrimônio nacional, assim como ocorre com a Amazônia e a Mata Atlântica. “Estamos trabalhando pelo reconhecimento do Cerrado como patrimônio nacional”.

 

Luciene Cruz
Repórter da Agência Brasil