Índios reivindicam área no Setor Noroeste como “santuário de pajés”

Brasília – Governo do Distrito Federal pretende
construir novo bairro residencial nessa área de 200
hectares em Brasília. Licitação deve sair sair em 90 dias

Brasília – O que para o governo do Distrito Federal será um novo bairro de alto padrão de Brasília, é considerado um “santuário de pajés” para uma comunidade indígena que atualmente ocupa o local. Índios das etnias Fulni-ô, Kariri-Xocó, Korubo, Guajajara, Pankararu e Tuxá reivindicam a permanência na área apesar dos preparativos adiantados do governo para licitação dos lotes residenciais do Setor Noroeste, que deverá ocorrer nos próximos 90 dias.

O plano urbanístico do novo bairro prevê a construção de 20 quadras residenciais para cerca de 40 mil moradores.

Um vídeo produzido pelo Centro de Mídia Independente (CMI) para o quadro Outro Olhar, do Repórter Brasil, noticiário da TV Brasil, mostra a situação atual da região – que ainda preserva a vegetação original do cerrado – e as reivindicações dos índios. No entanto, o vídeo não traz nenhuma informação sobre a origem ou o tamanho da comunidade.

De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), 32 indígenas de nove famílias estão no local, vindos do Nordeste do país. O órgão não reconhece a área como território indígena. O governo do Distrito Federal também não. “Há uma comunidade indígena que tem que ser rebocada, que na verdade não é autóctone [nativa], é uma ocupação indevida”, de acordo com o secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, Cássio Taniguchi.

No vídeo do CMI, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, questionado sobre a retirada dos índios para a construção dos edifícios, afirma que a “democracia exige controvérsias” e que o governo não vai abrir mão da construção do bairro para que os índios permaneçam na área.

A questão indígena é uma das condicionantes apresentadas pelo Ministério Público do Distrito Federal e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) para aprovação da licença ambiental de instalação do empreendimento. De acordo com Taniguchi, o governo já apresentou uma solução, que deve concretizar em breve: vai transferir os índios para uma área próxima ao local que ocupam atualmente, “praticamente lindeira”, segundo o secretário.

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil