Mundo da Educação – Como as escolas poderiam educar para a paz

Achei interessante e bem convincente as idéias de Luis Henrique Beust. Segundo ele a dinâmica escolar baseada tradicionalmente em relações de tensão entre professores e alunos precisa ser alterada para favorecer o aprendizado e diminuir a violência nas escolas e na sociedade, na avaliação de Luis Henrique Beust.

O pesquisador, que é consultor do Ministério de Educação e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), foi um dos palestrantes da Conferência Nacional da Educação Básica realizada em Brasília nesta semana.

O artigo com sua opinião foi publicado na Agência Brasil/Adriana Brendler:

De acordo com ele, conhecimentos da neurobiologia já provaram que ambientes de afeto e carinho estimulam o desenvolvimento nas crianças da porção cerebral ligada a comportamentos de paz. Pesquisas educacionais no Brasil e exterior também já mostraram o impacto do ambiente escolar no aprendizado dos alunos.

Beust destacou, no entanto, que para construir esses ambientes favoráveis ao desenvolvimento infantil é preciso transformar estruturas muitas vezes baseadas em “quedas de braço”.

“A educação para a paz na escola é uma metodologia complexa, é toda uma mudança de paradigma. Exige recriação da escola de tal maneira que as estruturas de violência, de agressão que possam existir – adulto contra criança, professor contra aluno e direção contra professores – possam ser diluídas dentro de novas práticas para que a paz possa ser desfrutada”, afirmou.

Questionado se uma relação afetuosa entre professores e alunos não traria dificuldades em relação à disciplina no ambiente escolar, o pesquisador destacou a necessidade de construir relações de respeito baseadas na admiração e no amor.

“Os seres humanos só respeitam dois tipos de pessoas: as que amam e as que temem. O respeito pelo temor é curto e frágil, só dura enquanto dura a opressão. Quando os alunos respeitam a autoridade do professor por temor, nas suas costas eles vão zombar, quando possível vão fazer uma traquinagem, mas com base no amor o respeito é contínuo, sólido”, argumentou.

O pesquisador salientou que em todo o Brasil já existem professores que praticam a educação para a paz.

“A gente vê em inúmeras escolas o professor resgatando crianças que em casa não têm esse ambiente de paz, de acolhimento, de diálogo. O professor é a figura de afeto para essas crianças e quando isso acontece, elas desenvolvem capacidades imensas. Existe muito de educação para paz nas escolas sem ser assim nomeada, ela só precisa ser refinada para que os professores conheçam quais são os instrumentos pedagógicos que, às vezes, até já estão usando, para usá-los ainda melhor.”

De acordo com ele, para incluir a educação para paz nas práticas escolares, o ideal seria a mudança no currículo de formação dos professores. Políticas públicas que viabilizem a realização de palestras, cursos de capacitação, extensão e pós-graduação também podem acelerar o processo.