Novos conselheiros defendem articulação internacional em políticas para juventude

Brasília – A articulação com outros países sul-americanos na área de políticas públicas para os jovens é defendida pelos integrantes do Conselho Nacional da Juventude, empossado hoje (18). Estudo realizado no Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e Bolívia mostra convergência de preocupações e expectativas dos jovens da região.

“Apesar das grandes diferenças existentes entre o Paraguai e o Brasil, ou entre a Bolívia e a Argentina, por exemplo, as demandas dos jovens destes países são muito semelhantes, com ênfase para as questões ligadas à educação e ao trabalho”, resume Maurício Santoro, integrante do Conselho e pesquisador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicos (Ibase).

Em conjunto com o Instituto de Estudos Formação e Assessoria em Políticas Sociais (Pólis), o Ibase coordenou a pesquisa Juventude e Integração Sul-Americana, apresentada hoje.

Além de educação e trabalho, o estudo identificou outras quatro preocupações comuns aos jovens sul-americanos: meio-ambiente, direitos humanos, circulação e o acesso à cultura e valorização da produção cultural dos jovens. “A pesquisa mostra o que existe de angústias, dilemas, quais as questões comuns entre os jovens sul-americanos”, destaca o conselheiro Fábio Meirelles, da organização Escola de Gente – Comunicação em Inclusão.

“O Conselho pode, e essa é uma das intenções, partir para um trabalho mais integrado com os outros países, influenciar nas reuniões especializadas, influenciar na Cúpula Social do Mercosul”, defende Meirelles. Segundo ele, isso já é feito, mas não de forma institucionalizada: “Precisamos formalizar parcerias, tentar construir uma agenda comum para a juventude, com a juventude, que fale dos problemas da juventude, para que a gente tente influenciar na elaboração de políticas públicas inclusive do Mercosul.”

Na avaliação de Maurício Santoro, “o que vimos na pesquisa é que determinados problemas só podem ser solucionados com enfoque transnacional”. Como exemplo, cita a questão das migrações, ao lembrar que cerca de 200 mil bolivianos vivem em São Paulo – a maioria jovens -, 1,5 milhão de paraguaios na Argentina e 350 mil uruguaios espalhados pela América do Sul e pela Espanha.

“Não se pode pensar um tipo de política pública que lide com essa questão sem levar em conta a cooperação entre os diversos países”, reitera.

As conseqüências da integração econômica para a juventude sul-americana também devem constar de uma agenda comum, defende Santoro. Ele menciona, por exemplo, o plantio de soja por empresas brasileiras no Paraguai: “Isso está significando uma série de transformações para a juventude paraguaia, que ainda é majoritariamente rural, de agricultores familiares. Agora a sua produção não é mais competitiva com relação a estas grandes empresas – uma decisão tomada por uma empresa no Brasil afeta diretamente a política de juventude no Uruguai e, portanto, exige também um tipo de articulação com o governo brasileiro.”

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil