Pesquisadores desenvolvem sabonete contra mosquito da dengue

Dengue, Zika, Mosquito, Aedes Aegypti, Cartoon,. Ilustração: Pixabay
Dengue, Zika, Mosquito, Aedes Aegypti, Cartoon,. Ilustração: Pixabay

Agência FAPESP – Está concluída a formulação de um sabonete repelente, desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Ciências Químicas da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), que poderá se tornar uma importante arma para o combate ao mosquito da dengue (Aedes aegypti), que também transmite a febre amarela.

O produto, cujo efeito dura até seis horas sobre a pele humana, foi criado a partir de uma mistura de glicerina, obtida em óleo de cozinha reciclado, com essências naturais de plantas como o cravo-da-índia, citronela e capim-limão, essas duas últimas nativas do Brasil. A fórmula conta ainda com outras substâncias químicas, que ajudam a aumentar o tempo de ação do produto.

“Apesar de ter uma ação comprovada contra o Aedes aegypti, que foi o foco dos estudos, o sabonete conta com grande possibilidade de ter ação repelente contra outros vetores. O objetivo agora é ampliar os testes de sua eficácia contra insetos que transmitem outras doenças humanas e animais”, disse Edmílson José Maria, coordenador da pesquisa e chefe do Setor de Síntese Orgânica do Laboratório de Ciências Químicas da Uenf, onde o sabonete foi formulado, à Agência FAPESP.

O processo de obtenção de patente do produto junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) teve início, assim como o pedido de aprovação da formulação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

De acordo com José Maria, a eficácia do sabonete foi comprovada em testes com cobaias e humanos. “Para verificar sua atividade repelente e seu tempo de ação, primeiramente aplicamos o sabonete em camundongos, que ficaram em contato com mosquitos Aedes aegypti. Esses insetos são criados em cativeiro no laboratório a partir de uma linhagem que não tem o vírus da dengue, fazendo com que as gerações posteriores do mosquito também não desenvolvam a virulência”, explicou.

Nos testes em humanos, o produto foi aplicado na mão e no antebraço de voluntários da universidade. “Em seguida, inserimos os braços dos voluntários, sucessivamente em um período de seis horas, em gaiolas cheias de mosquitos para verificar se haveria algum tipo de contato dos insetos com a pele, o que não ocorreu”, afirmou.

“Fizemos ainda uma contraprova, em que a mesma base do sabonete sem as substâncias repelentes foi aplicada. Seguimos a mesma metodologia e identificamos um alto número de pousos dos mosquitos na pele dos voluntários”, completou.