Trabalhadores rurais acampados em Brasília querem saúde, educação e reforma agrária

 

Foto dos trabalhadores rurais acampados em Brasília
Trabalhadores rurais de vários estados participam de Acampamento Nacional, próximo ao Ginásio Nilson Nelson. Organizado pelos movimentos sociais da Via Campesina, o acampamento faz parte da Jornada Nacional por Reforma Agrária, que terá mobilizações em todo o país (Wilson Dias/ABr)

Os trabalhadores rurais acampados em Brasília querem que o governo intensifique a reforma Agrária, e melhore a qualidade de vida no campo com melhor saúde e educação. Os trabalhadores começaram a chegar hoje (22) em Brasília e estão reunidos no Acampamento Nacional, organizado pela Via Campesina e por movimentos que fazem parte dela no estacionamento do Ginásio Nilson Nelson.

Cícera Maciel, 52 anos, agricultora de Alagoas, trabalha desde os 18 anos no campo. “Cada dia é um desafio, um dia tenho o que plantar e comer e às vezes tenho somente um pouco de feijão. A vida é assim, um dia plantamos, no outro não conseguimos colher tudo o que plantamos, e o pouco que colhemos, vendemos para conseguir dinheiro”. Ela disse que espera que nesta semana, por meio das mobilizações, seja possível conseguir um pedaço de terra e melhorias na educação e na saúde.

José Fortin de Oliveira, 66 anos, lavrador de Minas Gerais, disse que planta café, soja, feijão e milho para a sobrevivência de sua mulher e de suas duas filhas. “Quero uma solução boa como a reforma agrária e uma melhor qualidade de vida no campo, pois, de cinco quilos que consigo colher da plantação de feijão, eu vendo dois para ter um trocado em casa. Isso não é vida. Eu trabalho duro para no final do mês não ter um dinheiro digno”.

Murilo Antônio Rocha, 68 anos, é agricultor na Região do Triângulo Mineiro. Ele é pai de cinco filhos e espera continuar trabalhando no campo. “Trabalhar no campo é um trabalho digno como qualquer outro e a população tem que entender que parte do alimento que ela consome vem do campo, como feijão, arroz, frutas, hortaliças. Tenho esperanças de que teremos uma vida melhor e digna. Melhorias na saúde e na educação“.

“Trabalho não por amor, mais por necessidade, trabalho para dar alimentação aos meus filhos que são pequenos. Espero que, nesta semana, a gente consiga a nossa reforma agrária, melhorias na saúde e na educação, porque também merecemos ter uma vida digna como qualquer outro cidadão que trabalha no centro das cidades”, disse Maria José, 56 anos, lavradora em Tocantins.

Cerca de 4 mil famílias de trabalhadores rurais ficarão acampadas em Brasília. Elas querem uma audiência com a presidenta Dilma Rousseff para tratar da reforma agrária.

 

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil