Leite materno: sinônimo de bebês bem alimentados

Ilustração: Leite materno - bebês bem alimentados

Autoridades de Saúde estimulam mães a amamentarem os seus filhos até os dois anos de idade ou mais.

No lugar das chupetas e mamadeiras, entra em cena o leite materno. Amamentar no peito significa proteger a saúde do bebê de doenças como diarreias, distúrbios respiratórios, otites e infecções urinárias. Somado a isso, um estudo da Organização Mundial da Saúde mostra que o aleitamento materno como único alimento ao longo dos primeiros seis meses de vida pode reduzir em até um quinto os índices de mortalidade infantil em países em desenvolvimento.

Especialistas também acreditam que o bebê amamentado conforme o recomendado terá menos chance de desenvolver diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e, em mulheres, ajuda no combate à osteoporose. Para as mães, a amamentação proporciona redução do sangramento após o parto, diminuição da incidência de anemia, câncer de mama e ovário. Ótimos motivos não faltam para que o leite materno seja um companheiro nos primeiros tempos de vida da criança.

Mas o que muitas mães ainda desconhecem é que o leite materno deve ser dado associado a alimentos saudáveis, de preferência preparados em casa, até os dois anos de idade ou mais. Nessa fase, o leite materno continua garantindo proteção contra infecções e nutrientes específicos para o ser humano. A introdução de verduras, legumes, cereais, carnes, grãos e frutas, após os seis meses, acrescenta novos nutrientes necessários para a continuidade do adequado crescimento e desenvolvimento.

O conceito foi reforçado para a população durante a Semana Mundial de Amamentação de 2005, promovida pelo Ministério da Saúde de 25 a 31 de agosto. O lançamento da semana contou com as participações da modelo Vera Viel e da atriz comediante Maria Paula. Elas foram madrinhas da campanha e cederam gratuitamente suas imagens para incentivar outras milhões de brasileiras a este hábito mais do que saudável. Vera Viel, esposa do ator Rodrigo Faro, ganhou Clara no último dia 18 de junho e Maria Paula estimula a continuidade do aleitamento materno até os dois anos de idade, com a filha Maria Luiza, que completou um ano e dois meses de idade. ‘O leite materno é um alimento e um remédio’, disse o ministro da Saúde, Saraiva Felipe, durante a solenidade de abertura da campanha no Brasil.

Necessidades preenchidas

Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria mostram que, em média, bebês de seis a oito meses obtêm 70% de suas necessidades energéticas no leite materno. Os que possuem de nove a 11 meses têm 55% e os com 12 a 23 meses detêm 40% das necessidades nutricionais com o leite materno. Daí a importância de aliar a amamentação com alimentos complementares na dieta de crianças com mais de seis meses de idade.

Mas os números ainda estão longe do ideal. Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde mostra que quase todas as crianças brasileiras (cerca de 97%) iniciam a amamentação no peito logo nas primeiras horas de vida, mas permanecem mamando por um período curto. Segundo o órgão, a média de aleitamento materno exclusivo da população brasileira, em 1999, era de 23 dias e do aleitamento materno era de 9 meses e 9 dias. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Dioclécio Campos Júnior, a prática não deve ser interrompida. Segundo ele, o aleitamento materno exclusivo transfere à criança, além dos nutrientes, substâncias e células. “São esses anticorpos que as protegem de infecções”, explica. Para tentar combater os baixos índices de aleitamento e o desmame precoce, o Ministério da Saúde investe em importantes ações desenvolvidas nos serviços de saúde dos estados e municípios e em campanhas nacionais e publicações para a promoção à amamentação e alimentação saudável.

Por muitos anos a amamentação foi considerada um ato instintivo e natural sabendo-se hoje que para o sucesso é preciso um equilíbrio entre a natureza e a cultura. A interação entre mãe e bebê é necessária e o correto posicionamento e pega da aréola ainda precisam ser ensinados. Especialistas no assunto ressaltam que o correto posicionamento do bebê, a adequada pega da aréola e a amamentação sem horários predefinidos ou rígidos devem ser garantidos para que a criança sinta-se estimulada a mamar. Esses fatores influenciam no ato de amamentar e podem contribuir para aumentar os índices de adesão ao aleitamento materno.

Caseira e natural

E como deve ser a dieta da mãe durante o período de amamentação? Essa é uma pergunta que muitas mulheres se fazem, sem saber se há restrições para alguns tipos de alimentos. A presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria, Elsa Giugliani, responde: “caseira, natural e saudável”. De acordo com ela, a lactante não precisa manter uma dieta diferente do restante da família, desde que tenha alto valor nutritivo.

E no que diz respeito ao cigarro e às bebidas alcoólicas, nunca é demais falar que as mães devem evitar o consumo, para que não haja interferência na qualidade e quantidade do leite materno e nem traga prejuízos para a saúde da criança.

Bancos de Leite Humanos

As casas de promoção e apoio à amamentação, os conhecidos Bancos de Leite Humano, ajudam mulheres a amamentar, coletar, processar e distribuir leite humano. Segundo a Coordenadora da Política Nacional de Aleitamento Materno do Ministério da Saúde Sonia Salviano, os Bancos de Leite Humano são também unidades de excelência para o cuidado com as mães que apresentam dificuldades para amamentar . Os Bancos de Leite humano estão presentes em todos os estados brasileiros e fornecem leite humano pasteurizado especialmente para os recém-nascidos que nascem prematuros ou doentes. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Rede Nacional de Bancos de Leite Humano do Brasil é a maior do mundo, com 187 unidades. Durante o lançamento da Semana Mundial de Amamentação no Brasil, o ministro assinou dois termos de compromisso com a Secretaria de Saúde de Goiás e a Superintendência do Grupo Hospitalar Conceição, no Rio Grande do Sul. Na Semana Mundial da Amamentação o Ministério também garantiu a implantação de mais duas unidades em Mato Grosso do Sul e 1 em São Paulo A ideia é garantir a expansão da Rede de Bancos de Leite Humano respondendo a compromissos assumidos no Pacto pela Redução da mortalidade neonatal e Metas Globais para o Desenvolvimento do Milênio.

Serviço

A Rede de Bancos de Leite do Brasil, que integra o Sistema Único de Saúde (SUS), oferece seus serviços gratuitamente à população. Durante a gestação, as mulheres devem procurar se informar sobre as vantagens da amamentação e quais as melhores formas de amamentar o bebê. As mães podem buscar informações ou ajuda nos bancos de leite, centros de saúde, hospitais e maternidades – principalmente os reconhecidos como “Amigo da Criança” – ou com agentes do Programa de Saúde da Família (PSF). Quem quiser pode entrar em contato com o Disque Saúde pelo: 0800-61.1997

Saiba mais sobre os benefícios do leite materno

O aleitamento materno contém a quantidade de água suficiente para as necessidades do bebê. Isso também serve para países com temperaturas muito quentes. A oferta de água, chás ou qualquer outro tipo de alimento que não seja o leite materno aumenta as chances do bebê adoecer ou rejeitar o leite da mãe. A prática não é saudável e pode substituir o volume de leite materno que o bebê ingere. A inserção de outras substâncias líquidas em mamadeiras ou uso de chupeta, também faz com que o bebê engula mais ar (aerofagia), o que resulta em desconfortos abdominais ou cólicas frequentes. Além disso, a chupeta e o bico da mamadeira acostumam o bebê a sugar de forma incorreta fazendo com que ele não consiga retirar do peito todo leite que necessita.

Conselhos úteis para mamães

Listamos uma série de conselhos úteis para mamães que ainda tem dúvidas na hora da amamentação. Veja a forma de colocar o bebê no colo e o que fazer quando o bebê não consegue sugar corretamente o leite do peito

  1. A mãe que amamenta deve estimular o bebê a sugar corretamente Inclusive à noite.
  2. É importante observar de que forma o bebê está sugando o leite. A pega correta é garantida quando o bebê está bem apoiado no braço da mãe, com o pescoço na dobra do braço e a barriga encostada no corpo da mãe. Dessa forma ele consegue abrir bem a boca, abocanhar toda ou quase toda região areolar e virar os lábios para fora. A pega errada prejudica o esvaziamento total da mama e impede que o bebê mame o leite do final da mamada, rico em gordura. Quando isso acontece, diminui a saciedade da criança e faz com que os intervalos entre as mamadas sejam mais curtos.
  3. O tempo de sucção, depende de cada bebê. Existem os que conseguem sugar todo o leite em poucos minutos e os que demoram até meia hora para retirar o leite necessário. Em qualquer um dos casos é importante respeitar o ritmo da criança.
  4. A produção adequada de leite depende da sucção do bebê e da vontade da mãe em amamentar. É a frequência das mamadas e a correta pega quem garantem níveis elevados de prolactina (hormônio responsável pela produção do leite) e de ocitocina (hormônio que regula a ejeção de leite).
  5. Nos casos de mães que por algum motivo produzem pouco leite, o bebê ganha menos de 15g por dia, molha menos de seis fraldas e ao toque, as mamas da mãe parecem flácidas. Com a ajuda de um profissional de saúde, a mãe pode estimular as mamadas do bebê com mais frequência, inclusive durante a noite fazendo com que a produção aumente e passe a atender as necessidades do bebê. Nesses casos é fundamental observar a mamada e garantir uma pega adequada.
  6. Mães HIV positivas não podem amamentar seus filhos.

Quadro com sinais de que a criança está mamando de forma adequada

Boa posição
  • O pescoço está apoiado na dobra do braço da mãe
  • O corpo da criança está apoiado no braço da mãe, as nádegas com a mão. O bebê deve estar virado para o corpo da mãe
  • A barriga do bebê está encostada no corpo da mãe
  • O bebê e a mãe devem estar confortáveis.
  • A mãe não deve sentir dor. Se isto acontecer significa que a pega do bebê está errada
Boa pega
  • A boca está bem aberta;
  • O queixo está tocando o peito;
  • Lábio inferior e superior voltados para fora
  • A bochecha está arredondada;
  • Há mais aréola visível acima da boca do que abaixo

Confira aqui a infografia do programa (JPG – 989kb)

Ministério da Saúde
Disque saúde 0800 61 1997
Esplanada dos Ministérios – Bloco G – Brasília / DF
CEP: 70058-900

 

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