Manifestante rasteja em frente ao STF para defender pesquisas com células-tronco

Brasília – Além das 300 pessoas presentes dentro do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), telões instalados dentro do tribunal permitem que algumas dezenas de pessoas assistam ao julgamento da ação direta de inconstitucionalidade (Adin) contra a pesquisa com células-tronco embrionárias.

Durante o primeiro intervalo do julgamento, fora do Supremo, o presidente da Associação de Pais e Amigos dos Portadores de Distrofia Muscular de Americana (SP), Lourival Ferreira, jogou-se da cadeira-de-rodas para o chão. Lourival, que é portador da distrofia, rastejou na entrada do tribunal, antes de ser acudido por jornalistas que estavam próximos. “Quero que os ministros vejam o que a doença faz com a gente”, disse.

Enquanto eram feitas as sustentações orais contra e a favor da Adin, alguns expectadores com a camisa do Movimento Brasil Sem Aborto faziam orações.

O biólogo e cadeirante Fernando Biancci mostrava-se inquieto durante a exposição do jurista Ives Gandra, contrário à pesquisa com células-tronco embrionárias. O biólogo vê nas células-tronco uma possibilidade para recuperar os movimentos das pernas, perdidos em um acidente há 11 anos. Para Fernando, os argumentos contra esse tipo de trabalho científico são fundamentados na “hipocrisia da Igreja Católica”.

O padre Agostinho Sortie, que trabalha na Secretaria-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), diz que concepção da Igreja é “a inviolabilidade a vida de todos os seres humanos desde a concepção”. Para o padre, não se pode beneficiar algumas pessoas com o prejuízo de outras.

A manifestante do movimento Assino Inclusão Tatiana Satori, que perdeu o movimento das pernas e parte dos movimentos dos braços em um acidente de carro, distribuía panfletos durante o julgamento: “Mesmo que eu não seja beneficiada com os possíveis avanços da medicina a partir das pesquisas com células-tronco, espero que no futuro outras pessoas possam vir a ser”.

Nem só pessoas com interesse direto na questão vieram assistir ao julgamento. A estudante de Direito Ágata Oliveira disse que veio ver a decisão do Supremo por acreditar que dificilmente terá a oportunidade de presenciar “um julgamento tão polêmico” novamente.

Daniel Mello
Da Agência Brasil