Apenas uma minoria dos estudantes brasileiros se recusa a participar do Enade

O ensino brasileiro está entre os piores do mundo, mesmo assim algumas entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE) tenta boicotar o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade).

Neste dia (9/11), 564 mil alunos participam da prova, que é obrigatória. Quem não fizer o exame, corre o risco de o estudante ficar sem diploma. Para o coordenador-geral do Enade, Webster Cassiano, a avaliação enfrenta cada vez menos resistência dos estudantes. “Na prática, essa resistência é traduzida em boicotes à prova. E hoje eles são muito raros”, afirma.

Na edição de 2007, o percentual de estudantes que boicotaram o exame foi de 2,29%, entre 189 mil alunos. Os participantes que optam pelo boicote comparecem à avaliação, mas não respondem às questões como forma de protesto. A posição a favor ou contra varia entre os alunos das instituições públicas e particulares: em 2007, o índice de boicote nas privadas foi de 0,76%, contra 7,88% nas públicas.

Conforme publicado na Agência Brasil a aluna Ana Carolina Vieira, de 19 anos, é uma dos estudantes que participa do exame hoje domingo e aprova a avaliação. Ela cursa engenharia de telecomunicações no Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb) e espera que o Enade traga respostas sobre a qualidade do ensino.

“Acho importante participar para poder avaliar se a qualidade do ensino que eu estou recebendo é mesmo boa. Independentemente de ser obrigatório ou não, eu participaria de qualquer forma”, afirma.

Pedro Paulo Rosa, de 23 anos, também foi convocado a participar do exame neste domingo, mas é contra a avaliação. Formando do curso de geografia da Universidade de Brasília (UnB), ele não considera o Enade um método eficaz de avaliação. Ele vai boicotar a prova, assim como alguns de seus colegas de curso.

“A decisão não é unanimidade entre os estudantes do curso, são opções individuais. O boicote é uma forma de manifestar que não estamos contentes com esse método e que o MEC deveria repensar o modelo”, defende.

Para ele, a avaliação da qualidade do ensino precisa levar mais em conta aspectos como a produção científica do corpo docente e os projetos desenvolvidos pela faculdade. A União Nacional dos Estudantes (UNE) também é contra o Enade e defende o boicote.

A opção pelo participação no exame também varia de curso para curso. Em 2007, o maior índice de boicote foi registrado entre os estudantes de serviço social (12,62%). Já o curso com menor percentual foi tecnologia em agroindústria, com 0,16%.

O formando do curso de engenharia em telecomunicações do Iesb, Adriano Moura, considera fundamental haver mecanismo de avaliação para controlar a qualidade do ensino superior. Ele faz a prova hoje, mas critica a metodologia do exame.

“Fazer só uma avaliação no começo e outra no fim não mensura o conhecimento do aluno. O ideal seria uma avaliação seriada, até mesmo para o estudante ter um feedback do ensino que está recebendo e quem sabe até migrar para outra instituição.”

Para Moura, a prova também não deveria ser obrigatória. Ele lembra que ao final do curso o aluno tem outras prioridades e muitos podem não dar importância ao Enade. “Eu, por exemplo, estou me dedicando integralmente à monografia, que apresento na segunda-feira. Mesmo assim faço o Enade neste domingo. Acho que o resultado do exame fica comprometido com essa obrigatoriedade”, opina. (Agência Brasil/