Morte de crianças indígenas é menor, diz coordenador da Funasa

Neste nosso país de dimensões continentais, dados estatísticos estão sujeitos a falhas que podem ser intencionais ou não.

Conteestando o relatório do Cimi sobre mortes de crianças indígenas, O coordenador-geral de Atenção à Saúde Indígena da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), Flávio Pereira Nunes disse que o levantamento, divulgado ontem (10) pelo Cimi, não representa um estudo contextualizado nem pode ser usado para indicar tendências.

Ele disse que a maior falha do relatório foi apresentar apenas o total de mortes nos últimos dois anos, sem calcular o número de óbitos a cada grupo de mil crianças.

“Os dados não estão na forma de indicadores, só em números absolutos. Para que seja feita uma análise, é necessário apontar de que maneira se comporta cada indicador, o que não foi feito”, criticou.

O coordenador da Funasa alegou que faltou ao estudo mencionar que esse índice está em declínio. Em 2006, ressaltou Nunes, morreram 48,5 crianças indígenas a cada mil nascimentos, contra 74,6 em 2000. “Tivemos uma redução importante em seis anos, saindo de um patamar elevado para moderado”, destacou.

Apesar de sua contestação, Nunes reconheceu que a mortalidade de crianças indígenas ainda é alta em relação à média nacional, que é de 22 óbitos a cada mil nascimentos. E explicou que isso acontece porque a maior parte dos índios brasileiros vive no meio rural das Regiões Norte e Nordeste, áreas onde as mortes de crianças são mais freqüentes.

“É importante lembrar que 75% da população indígena vive no Norte e no Nordeste. Em alguns municípios do Nordeste, a mortalidade infantil chega a 40 crianças por mil, não muito distante da média entre os índios”, disse.