Salvador é a capital brasileira com menor índice de jovens fumantes

Salvador é a capital brasileira com menor índice de jovens fumantes, segundo a pesquisa Vigilância de Tabagismo em Escolares (Vigescola), da Organização Mundial de Saúde (OMS). O resultado é justamente o que intenta a campanha da OMS deste ano, “Juventude sem Tabaco”, no sábado (31), Dia Mundial sem Tabaco.

Para a cidade chegar e se manter nesta posição do ranking, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) desenvolve o Programa Saber Saúde, voltado para as escolas. “Este trabalho é realizado em 121 municípios do estado, onde os professores foram capacitados para ajudar as escolas a se tornarem livres do cigarro”, informa a coordenadora estadual do Programa de Controle do Tabagismo, Therezinha Paim.

Ela explica que o assunto é trabalhado em diversas disciplinas, como matemática, português, ciências, entre outras. “Então, é uma ação contínua que tem alcançado os alunos durante todo o ano”. Outro exemplo de ação da constante da Sesab, segundo a coordenadora, é uma parceria com a Fundação Pedro Calmon para a realização de palestras em diversas bibliotecas.

Para a sensibilizar a população no Dia Mundial sem Tabaco, na Bahia, a secretaria está desenvolvendo uma série de atividades, iniciadas na segunda-feira (26) e que prosseguem até o dia 4 de junho, incluindo palestras em escolas e instituições públicas e privadas. Nesta sexta-feira (30), acontecerá o seminário “Controle do Tabagismo: um diálogo intersetorial”, das 8h30min às 17h30min, no auditório do Ministério Público (MP).

No dia 4 de junho (quarta-feira), das 9 às 12h, mais de 600 estudantes do Colégio Severino Vieira participarão de uma grande concentração na Praça Municipal. O evento, realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, Sociedade Baiana de Pneumologia e Aliança de Controle do Tabagismo, tem como principal objetivo chamar atenção da população, principalmente os jovens, alvo preferido das propagandas da indústria do tabaco, para os malefícios do fumo.

Riscos

A funcionária pública Maria Consuelo Vidal, que completa 53 anos no dia 29 de maio, tabagista há 33, avisa aos jovens dos riscos de ser fumante. “Eu sinto que tenho problemas de respiração, me canso ao nadar ou subir uma escada”, afirma Maria. Enquanto tragava seu cigarro no fumódromo de um shopping de Salvador, ela garantiu que vai aproveitar a data do seu aniversário para abandonar o vício. “Durante a minha gravidez, consegui parar de fumar e me senti muito melhor, meu apetite melhorou bastante”, observou.

Ricardo Fiúza, 26 anos, não é fumante e acredita que assim está evitando os sintomas sentidos por Maria Consuelo. “Eu não tenho interesse em cigarro, quero preservar minha saúde e minha vida. Eu prefiro ficar 100%. Não me faz mal nenhum não fumar”, enfatizou.

Outro não fumante, Roque Carvalho, explica que não se interessou pelo vício: “cigarro faz muito mal à saúde, não tem nada a ver a pessoa estar queimando dinheiro, se prejudicando e prejudicando a outras pessoas. A fumaça do cigarro nos alcança e tem componentes muito ruins”, afirmou.

Segundo Francisco Hora, médico do Programa de Controle do Tabagismo da Secretaria Estadual de Saúde, Roque tem razão. “Os fumantes passivos estão expostos a 4,7 mil substâncias tóxicas que saem do cigarro e das quais os ativos estão protegidos pelo filtro”, explicou. Hora diz que um único fumante causa, em um ambiente fechado de 20 metros cúbicos, um nível de contaminação 20 vezes maior do que o recomendável.

Alerta

Francisco informa também que no Brasil são 25 milhões de fumantes. “Parece pouco em um país com 180 milhões de habitantes, mas é quatro vezes a população inteira do Uruguai, por exemplo”, comparou. Segundo ele, embora a maioria dos fumantes seja homem, a proporção do crescimento de tabagistas mulheres é atualmente maior. “Isso é um problema, porque a relação do cigarro com os hormônios femininos potencializa os malefícios do cigarro”, advertiu.

Francisco Hora alerta que mais de 30% dos diversos tipos de câncer, seja de laringe, boca, estômago, entre outros, têm uma relação íntima com o cigarro. Já os cânceres de pulmão têm 90% de origem no tabagismo. “As pessoas começam a fumar por uma série de questões culturais, a partir dos 13 ou 14 anos. Esta é a idade em que a maioria das pessoas está mais vulnerável por questões culturais e de afirmação e adquire este hábito para o resto de sua vida”.

A boa notícia é que é possível parar de fumar. “Não tem idade para largar o vício e há sempre um ganho benefício com a decisão. A primeira iniciativa tem que ser do indivíduo, não há quem faça isso por ele”, observou. Francisco disse que, para isso, os fumantes têm hoje suporte na rede do Sistema Único de Saúde com psicólogos, grupos de saúde e farmacológicos e com a utilização de drogas como a nicotina e a brupopiona.

srr/is